O que é um convite?

Como defini-lo. Diferentes dicionários trarão como consenso um chamamento acolhedor, uma abertura de portas com a intenção efetiva de que o outro adentre, participe, sinta-se parte. Mikhail Bakhtin (1895-1975), provavelmente nos diria que um convite é um gênero do discurso sintetizado em uma palavra, logo, um convite é uma ponte, visto que, em sua acepção, “a palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. Se ela se apoia sobre mim numa extremidade, na outra se apoia sobre o meu interlocutor. A palavra é o território comum do locutor e do interlocutor” (BAKHTIN, M. e VOLOCHÍNOV, V.,1999 [1929], p.113)

O Laboratório Linguagem, Interação e Construção de Sentidos em Design (LINC-Design) se funda nesse território comum. Como laboratório, ele é o partilhar, ou melhor, o compartilhar de vivências/referências/experiências cujas formas se concretizam nas interações potencializadas pelos encontros e desencontros das palavras-ponte.

Mas em seu texto "O outro, esse alienígena", Leandro Konder (1936-2014) nos alerta para a cilada em que podemos nos colocar quando não percebemos que ao aceitarmos um convite e adentrarmos casas alheias estamos, pelo menos, nos pondo em relação com o(s) outro(s), com aquele(s) que não somos. Cilada, pois podemos incorrer no erro de percebê-lo(s) como igual a nós, como impotente(s) no sentido de nos fazer rever conceitos e “pré-conceitos”. Cilada, pois podemos incorrer no erro de percebê-lo(s) como diferentes de nós, como potência(s) suprema(s), no sentido de aniquilar nossa possibilidade de divergência, de contra opinião. Aquele que nos acalma, que nos confirma versus aquele que nos assusta, que nos aniquila. Seja como for, extremos.

Ponte com sirene, ponte pensada, palavra eleita, ato escolhido, ato consciente. Em nosso convite, sujeitos são construtores e atores de/em territórios compartilhados. Nosso convite encontra em Leandro Konder mais possibilidades de definição. Nosso convite é proposta de diálogo é o entendimento de que “no diálogo, eu não harmonizo as diferenças, não supero as frustrações que me são impostas pelos limites (efetivos) da comunicação, não elimino os riscos, porém, aprendo a apreciar a polifonia, aprendo a ouvir a diversidade das vozes. (…) Desenvolvo a capacidade de combinar a preservação da minha identidade com uma abertura menos tímida para a alteridade” (KONDER, L. In: Opinião, Jornal do Brasil,1999).

LINC-Design é o encontro de sujeitos que inicialmente aceitaram o convite; é o encontro de sujeitos que ressignificam, dia após dia, a casa que adentraram. LINC-Design é o encontro de sujeitos em ação, em Interação.

Seja bem-vindo.