O pertencer a um campo implica em uma abordagem de olhar.

O Laboratório Linguagem, Interação e Construção de Sentidos em Design (LINC-Design) situa-se no campo do Design, definido aqui a partir da perspectiva de Rita Couto e Alfredo Oliveira (1999) em que é apresentado como um campo que se constitui “não apenas como uma atividade de dar forma a objetos, mas como um tecido que enreda o design, o usuário, o desejo, a forma, o modo de ser e estar no mundo de cada um de nós”.

O pertencer a um campo implica em uma abordagem de olhar. Assim, em nossas pesquisas, adentramos casas alheias a partir da perspectiva de um “tecido que enreda”. Ou, de um suporte que envolve, pondo sujeitos, vozes, objetos, atos, textos e contextos em relação com a primordial intenção de contribuir no/para o desenvolvimento de pesquisas-projetos-tecidos-enredos-ações que visem a sustentabilidade humana fundamentada na equidade de oportunidades por meio do respeito às inteligências múltiplas.

Inserido em um campo sobre o qual pesam questões acerca da existência/inexistência de uma Teoria do Design e também acerca da necessidade ou não dessa possível existência, o Laboratório comporta diferentes abordagens teóricas e explora temas de natureza interdisciplinar relativos a significação, a relações entre linguagem, sociedade e cultura, entendendo justamente na indefinição, a possibilidade do estabelecimento de pontes, de crescimento conjunto.

O LINC-Design ancora suas referências nos Estudos Culturais, da Leitura e da Linguagem em Interação. É por esse viés, que o LINC-Design delimita suas pesquisas e seus projetos à esfera do Design na leitura, ou de um campo/tecido interdisciplinar que enreda sujeitos em atos de leitura/produção de objetos/sistemas/serviços e contextos, entendendo a leitura sob a ótica do escritor e pesquisador Affonso Romano de Sant’anna (In: Opinião, Jornal O Globo, 2000). Em suas palavras: “Ler é um jogo. Uma disputa, uma conquista de significados entre o texto e o leitor (…) é uma forma de escrever com mão alheia”.

Em linhas gerais, o texto, na perspectiva do autor, não se restringe a esfera da linguagem verbal. Ele é multimodal. Para Sant’anna, “Tudo é leitura, tudo é decifração ou não. Depende de quem lê”. Assim, o corpo é um texto, o jardim é um texto, ruas e avenidas são texto. Um desfile de carnaval, uma partida de futebol um espetáculo de dança; paredes de palácios, ruínas, estrelas, vísceras de animais, baralhos, copos d’água, búzios, aparelhos eletrônicos…Tudo se dá a leitura. Depende de quem lê.

O Laboratório abarca pesquisas, projetos e ações que analisem ou proponham situações de interação – “sujeitos-objetos/sistemas/serviços-contextos” – inscritas em processos formativos/produtivos. Pesquisar, projetar e agir no Laboratório pressupõe atenção com as transformações socioculturais em contextos de educação, saúde e comunicação e também antecipação de caminhos em prol de uma Educação para o século XXI. Por este caminho, no LINC-Design há o entendimento do Design na perspectiva da formação de opinião, tendo em vista a constante ressignificação sociocultural em favor de processos formativos/produtivos sustentados por competências participativas, multimodais, lúdicas que favoreçam a ética e a inclusão.

Como Laboratório assumimo-nos aqui como leitores-escritores de um mundo texto em situações de interação ou de construção de um território comum, originado nas palavras (texto)-ponte.

Como Laboratório assumimo-nos aqui como pesquisadores-designers de Textos-Suportes (multimodos) cujas concretizações, efetivadas na Interação, tanto “partem de” quanto “modificam os” sujeitos inscritos em contextos situacionais que refletem/transformam o contexto cultural em prol da sustentabilidade humana.

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